Bebés prematuros correm o risco de atrasos no desenvolvimento de algumas funções motoras grossas e finas, coordenação olho-mão, atenção, aprendizagem, memória, linguagem e funções de resolução de problemas. Estas alterações podem impactar negativamente a sua performance escolar e desempenho académico.
Os riscos são ainda maiores em bebés prematuros com lesões cerebrais significativas. Nestes casos, as funções motoras iniciais podem servir como identificadores importantes dessas alterações cognitivas.
Por exemplo, resultados cognitivos fracos observados em crianças nascidas prematuras mostraram ser precedidos e relacionados com atrasos na exploração de objetos no início do desenvolvimento. Sabe-se ainda que bebés prematuros realizam menos exploração multimodal visual e háptica, têm habilidades bimanuais prejudicadas, exibem variabilidade reduzida de comportamentos exploratórios e são menos capazes de compreender as possibilidades de diferentes objetos e de combinar as suas estratégias exploratórias com as propriedades dos objetos, em comparação com seus pares nascidos a termo.
Se o tema Pediatria e Prematuridade lhe interessa, leia o artigo "Efeito do nascimento prematuro no desenvolvimento motor em crianças em idade escolar (revisão sistemática)"
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Atrasos na exploração de objetos em bebés prematuros aos 7 meses de idade foram relacionados a piores resultados cognitivos aos 24 meses.
Pode-se argumentar que esses atrasos na exploração orientada a objetos e outras habilidades cognitivas resultam de atrasos em comportamentos exploratórios não orientados a objetos no início do desenvolvimento.
Comportamentos exploratórios não orientados a objetos são operacionalmente definidos como os comportamentos em que os bebés se envolvem quando não estão a interagir diretamente com objetos portáteis. Esses comportamentos permitem que os bebés explorem as capacidades de ação dos seus corpos, superfícies circundantes e as suas potenciais interações.
O objetivo deste estudo foi documentar quais os comportamentos exploratórios não orientados a objetos os bebés realizaram, para quantificar o nível de desempenho ao longo do tempo e a relação com as posições corporais (pronação, supinação e sentado), e para determinar se e como é que esses comportamentos diferiam entre bebés termo e prematuros. Os autores estudaram ainda as diferenças comportamentais em relação à idade gestacional, bem como em relação à presença de alterações estruturais e fisiológicas no sistema nervoso devido a uma lesão cerebral anterior.
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Fonte:
Iryna Babik, James Cole Galloway, Michele A. Lobo, Infants Born Preterm Demonstrate Impaired Exploration of Their Bodies and Surfaces Throughout the First 2 Years of Life, Physical Therapy, Volume 97, Issue 9, September 2017, Pages 915–925, https://doi.org/10.1093/ptj/pzx064