Num estudo publicado na revista Science Translational Medicine, um grupo de cientistas recorreu a análises sanguíneas para a deteção de ADN das células cancerígenas no sangue após quimioterapia e cirurgia feita em 55 mulheres com cancro da mama. Este teste conseguiu encontrar ADN em 80% das mulheres que desenvolveram metástases.
"Um dos desafios-chave no tratamento de mulheres com cancro da mama é distinguir aquelas que correm o risco de desenvolver cancros secundários no futuro, depois de terem sido tratadas. Se conseguirmos identificar as que correm este risco, podemos tentar evitar essa reincidência”, explica Nicholas Turner ao jornal PÚBLICO, líder de uma equipa no Instituto de Investigação do Cancro em Londres, que participou neste trabalho com cientistas de outras instituições de Inglaterra e dos EUA.
A equipa analisou as células cancerígenas da mama de cada uma das 55 mulheres, para procurar mutações em 14 genes associados ao cancro da mama. O objetivo era permitir mais tarde, fazendo testes ao sangue, procurar o ADN com as mutações genéticas - sabe-se que o material genético de algumas das células cancerígenas que morrem acaba na circulação sanguínea em quantidades mínimas.
Das 55 mulheres, 43 tinham mutações genéticas em um, ou mais, dos 14 genes. Após o tratamento, os cientistas foram procurar no sangue de cada uma das 43 mulheres o ADN com mutações. As análises foram feitas a seguir ao tratamento e de seis em seis meses durante cerca de dois anos. E em 13 destas 43 mulheres foi detetado ADN mutado pelo menos uma vez. Entre este grupo de 13 mulheres, 12 desenvolveram metástases. Já nas 30 mulheres em que os cientistas não encontraram ADN mutado após o tratamento, o cancro reincidiu apenas em três.
“Mostrámos que é possível prever quem estava em risco de ter uma reincidência. Temos esperança de usar estes testes para evitar ou adiar o aparecimento das metástases”, diz Nicholas Turner ao jornal PÚBLICO.
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Fonte:
Público.pt