Esta entrevista fez parte da 2ª edição da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.
“Líderes do Fitness” é um novo projeto que almeja escutar a voz das primeiras linhas de decisão das empresas do setor do fitness. Queremos dar a conhecer o que de bom se faz em Portugal num setor de atividade de relevância crescente. Queremos partilhar as suas histórias e reflexões.
Demos o pontapé de saída com uma conversa com o Pedro Simão, General Manager da Fitness Factory Portugal, a primeira marca de Fitness Smart Cost Portuguesa, que hoje já tem 8 clubes: 4 próprios e 4 em regime de franchising.
O Pedro é licenciado em Educação Física e Mestre em Exercício, Saúde e Biomecânica pela FMH. É também Pós-graduado em Gestão de Ginásios e Health Clubs pela Universidade Lusófona. Tem experiência na área do exercício, ensino e formação profissional, mas nesta entrevista focamo-nos essencialmente na sua visão sobre a realidade portuguesa do fitness e no seu modelo empresarial. Aqui ficam alguns highlights, toda a entrevista está disponível em bwizer.com/lideresdofitness
Como vê o crescimento do mercado do fitness em Portugal? E sustentável?
O nosso mercado tem muito para crescer e todos os que tenham um posicionamento definido e uma identidade vão ter o seu lugar. É um mercado que lá fora continua a crescer e a diferenciar-se e que ainda tem muito para evoluir.
Este crescimento do mercado deve-se a quê? A mais oferta ou a mais procura?
É a galinha ou o ovo. Neste caso, há mais galinhas e mais ovos. E isto muito porque há alguns anos o aparecimento do low cost abriu a prática de atividade física a mais pessoas e desmistificou um pouco aquilo que são os ginásios. As pessoas tornaram-se mais donas da sua decisão – o facto de ter aparecido uma oferta diferente, neste caso o low cost, veio criar mais praticantes.
Para além da redução da barreira preço, haverá alguma mudança nos hábitos das pessoas que ajude a explicar esta aumento da procura, para não dizer massificação, da prática de exercício físico?
Claro que sim. As pessoas consciencializaram-se que a atividade física é essencial para o seu bem-estar geral e até produtividade. A juntar a isto, também a adoção de outros hábitos como a alimentação equilibrada, levou a que as pessoas se quisessem manter mais em forma e serem mais saudáveis. Penso que foram estas duas coisas em conjunto que fizeram com que o mercado aumentasse e esteja a crescer de forma brutal. E isto não é mais nem menos que o reflexo do que se passa fora de Portugal.
A mudança no paradigma dos clientes dos ginásios exige uma abordagem diferente por parte dos profissionais e empresas?
Há uma grande diferença entre os profissionais que atuam neste mercado hoje e os de há 10, 15 ou 20 anos atrás. Se antes, grande parte destes profissionais eram pessoas que gostavam de exercício, que tinham experiência enquanto praticantes e que depois iam passando para o lado mais profissional, hoje isto já não se verifica. Felizmente temos assistido a uma profissionalização do nosso mercado e hoje os clientes reconhecem que quem está a trabalhar com eles é cada vez é mais conhecedor técnica e relacionalmente e consegue apresentar melhores soluções. Acho que esta é uma grande mudança: o aumento do número de profissionais e o aumento da qualidade e quantidade de formação que têm é um factor importante para que as pessoas acreditem, se sintam mais seguras e tenham mais e melhores resultados.
Num negócio em que cada vez existe mais tecnologia aplicada, o factor humano ainda é o mais crítico? Sabemos que está ligado às aulas virtuais – o que é isto?
Este continua a ser um negócio de pessoas para pessoas. A utilização da tecnologia é apenas uma ferramenta auxiliar, não resolve nenhum problema. […] A aula virtual é, do nosso ponto de vista, um complemento à oferta de aulas porque entendemos que devíamos rentabilizar mais a nossa operação ao nível dos estúdios, pois verificamos que 30 a 60% dos mesmos estavam desocupados durante o dia. […] As aulas virtuais só fazem sentido se tiverem sido previamente preparadas para o efeito - estamos a falar de uma aula gravada cujo feedback foi pensado tendo em vista os principais erros que os seus potencias alunos cometerão, com uma boa qualidade e amplitude de som e imagem.
Temos clubes muito fãs de aulas virtuais e temos outros, sobretudo com uma população mais madura e mais resistente à mudança, nos quais foi mais difícil introduzir estas aulas. Mas sobretudo quando entramos em mercados mais jovens em que as pessoas estão ávidas de novos produtos e soluções, estas estão mais abertas a novas experiências. E quando essas experiencias são positivas, tornam-se fãs.
Fale-nos um pouco deste projeto empresarial.
O grupo começou em 2007, nas Caldas da Rainha, com um ginásio com características wellness com máquinas, aulas, sauna e banho turco. E, ao longo de alguns anos, até 2015, foi esta a nossa atividade principal. Em 2015 achamos que para além disto, poderíamos fazer mais. E este “fazer mais” foi preparar um produto low cost, ou melhor um smart cost, que desse resposta àquilo que achávamos que era uma lacuna no nosso país. Nas grandes cidades estavam a desenvolver-se os low cost (por uma questão de taxa de penetração e densidade populacional), mas segundo a nossa visão poderia fazer sentido construir um produto que as cidades de pequena e média dimensão pudessem absorver. Então preparámos um low cost para as pequenas e médias cidades – o Fitness Factory.
A 1ª unidade da Fitness Factory foi lançada em 2015 – como e com que objetivos?
Nós planeámos, mas tivemos de ajustar tudo. O bom da planificação é que permite ajustar [risos]: não navegámos à vista, mas tivemos de afinar aquilo que estava preparado. […] A 1ª oportunidade para abrir foi na nossa cidade. E foi uma decisão rápida de cerca de 4 meses: já tínhamos o produto “construído”, íamos abrir numa outra cidade maior, mas como surgiu esta oportunidade mudamos os nossos planos […] e testamos um clube mais pequeno; isto também serviu de teste de stress! Não sabíamos como é que num pequeno clube de apenas 500m2 íamos conseguir ter uma taxa de rentabilidade de 25% - que era o nosso grande objetivo. Foi um verdadeiro teste e felizmente resultou. Desde o final do 1º ano temos, de forma consistente, mais de 1000 clientes ativos. E com isto confirmamos que este produto era replicável, mesmo em cidades com concorrência e mesmo em espaços pequenos.
Conheça o resto da história da Fitness Factory, pela voz de Pedro Simão, em bwizer.com/lideresdofitness
CV: General Manager Fitness Factory
Fonte: Consulte a 2ª edição da Bwizer Magazine