Este artigo fez parte da 1ª edição da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.
Introdução
Nos últimos anos, a pesquisa relacionada com a fáscia ganhou um campo sem precedentes. Permitiu a expansão das raízes nas profissões relacionadas com a análise biomecânica e os processos terapêuticos direcionados ao movimento corporal.
A fáscia é a forma de tecido conjuntivo que envolve todos os órgãos de forma tridimensional, permitindo mantê-los na sua posição e funcionamento corretos. Cada músculo, cada uma das suas fibras e fascículos são rodeados pela fáscia. A fáscia é uma estrutura ininterrupta, por essa razão, qualquer mudança estrutural da fáscia numa determinada parte do corpo pode gerar mudanças em locais distantes. Alterações do sistema miofascial podem gerar dor, limitar/ alterar os padrões de movimento e minimizar os processos de recuperação de lesões.
Essa mudança estrutural da fáscia, chamada “disfunção miofascial”, pode ser causada por vários traumatismos. Devemos sublinhar o sentido amplo da palavra traumatismo. Isto é, não é apenas um golpe ou uma queda, mas também pode ser uma intervenção cirúrgica, uma menstruação dolorosa ou, por exemplo, uma alteração postural. A disfunção miofascial também compromete as alterações na inervação, modificando assim a informação transmitida ao sistema nervoso central. A ausência de um processo terapêutico oportuno e apropriado, pode levar o paciente a um círculo vicioso de tensão e espasmo muscular; ou seja, há disfunção orgânica e dor.
Definição de Fáscia e características do sistema Miofascial
Existem várias opiniões sobre o que podemos definir como fáscia (Langevin, 20016, Langevin & Huijing, 2009, Schleip, Jäger & Kinler, 2012, Swanson, 2013, Stecco, 2014). Recomenda-se o uso do termo sistema fascial. Este sistema reúne diferentes tipos de células com diferentes atividades (de forma semelhante, por exemplo, ao sistema cardiovascular ou ao sistema nervoso) e relaciona-se com outros sistemas corporais através de uma estrutura de estabilidade funcional ininterrupta e inervada, conformada pela matriz colágena tridimensional (Kumka & Bonar, 2012, Pilat, 2014). Esta abordagem permite relacionar conclusões científicas e clínicas entre si e oferece uma perspectiva diferente e mais ampla para a análise da mecânica corporal e da patomecânica.
Este sistema representa uma complexa arquitetura de comunicação (Kapandji, 2012), que garante uma extensa informação mecano-receptiva, não só através da sua distribuição topográfica, mas principalmente através dos padrões de interrelação com outras estruturas do corpo (Lancerotto et al., 2011), especialmente os músculos. A partir da sua construção dinâmica e fibrosa, a propriedade de remodelação contínua (plasticidade fascial) (Langevin, 2011) é distinguida, alinhada e acomodada a solicitações de tensão intrínsecas e extrínsecas do corpo (Swanson, 2013). As alterações tensionais, criadas fora dos padrões po, estabelecendo mudanças na matriz (através da dinâmica dos miofibroblastos) (Tomasek, 2002), que afetam a liberdade de movimento (Gabbiani, 2007). A densidade, a distribuição e as características organolépticas do sistema fascial diferem na sua viagem através do organismo, o que permite adaptar-se e responder às exigências do movimento (Benjamin, 1995), no entanto, a continuidade é fundamental, permitindo-lhe agir como um todo sinérgico, absorvendo e distribuindo um estímulo local para os demais elementos do conjunto, em diferentes escalas da sua construção (Ingber, 2008).
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CV: Andrzej Pilat é um dos nomes incontornáveis da Terapia Manual. Fisioterapeuta de formação, pela Escola Médica Profissional da Varsóvia, na Polónia, é o criador do método de Indução Miofascial e Diretor da Escola de Terapias Miofasciais, Tupimek.
Fonte: Consulte a 1ª edição da Bwizer Magazine