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Publicado a 24/05/2018

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Vanessa Costa

Existe alguma relação entre a flexibilidade mental e a propriocetividade? | Por Vanessa Costa

Vanessa Costa

O ser humano é confrontado diariamente com a necessidade de tomar decisões, perante um inúmero conjunto de escolhas e soluções possíveis. Sabemos, no entanto, que essas decisões não dependem exclusivamente da nossa capacidade cognitiva, já que, nas diversas atividades do dia-a-dia, necessitamos adotar um determinado comportamento motor. Concluímos, então, que somos totalmente dependentes do próprio movimento corporal, de modo a responder às constantes mudanças ambientais que ocorrem à nossa volta (Proske & Gandevia, 2012).

Antes de mais, é importante percebermos que o movimento humano é um processo extremamente complexo, induzindo a interação entre estruturas biomecânicas inerentes ao sistema músculo-esquelético e ao Sistema Nervoso (SN), implicando uma organização hierárquica neuronal (Gonçalves, 2000).

O nível superior é então constituído pelo Córtex Pré-Frontal (CPF), pelas áreas motora suplementar e pré-motora, assim como de associação com o córtex parietal. Neste nível realiza-se o planeamento da atividade motora em função das informações visuais (córtex temporal inferior), somatossensitivas, auditivas, entre outras, que chegam ao córtex cerebral. A partir daí, procede-se à tomada de decisão de realizar ou interromper uma determinada ação, de forma voluntária. O lobo frontal é então responsável pela dinâmica supracitada e mantém ligações fulcrais com os lobos temporal - o qual permite a identificação dos alvos -, e parietal - permitindo uma relação espacial com o corpo humano (Gonçalves, 2000).

O nível intermédio é constituído pela área motora primária, pelos gânglios da base - os quais recebem informação do córtex cerebral (planeamento ou seleção comportamental) e do sistema reticular (estado do indivíduo) -, pelo cerebelo - que recebe continuamente informação acerca das áreas motoras responsáveis pelo movimento, assim como das funções sensitivas (posição, direção e velocidade) dos segmentos corporais que o executam -, e pelo tálamo.

Finalmente, o nível inferior, formado pelo tronco cerebral e pela medula, tem como objetivo a execução do movimento propriamente dita (Gonçalves, 2000). A partir daqui, podemos definir a Flexibilidade Mental (FM) como a capacidade humana para reajustar o comportamento pessoal em função das exigências ambientais (Kloo, Perner, Aichhorn & Schmidhuber, 2010). Segundo os mesmos autores, esta corresponde a uma Função Executiva (FE) inerente a ações corticais superiores, as quais permitem o controlo do pensamento, da ação e da emoção, de forma consciente. Contudo, para que esse comportamento adaptativo seja eficaz, a tarefa mental exige processos cognitivos complexos, como associações na aprendizagem, capacidade de tomada de decisão, com respetiva seleção e inibição das diversas respostas, memória de trabalho e, finalmente, atenção e manutenção do objetivo ao longo da tarefa (Klanker, Feenstra, & Denys, 2013).

 

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CV: Vanessa Costa é Fisioterapeuta. Exerce funções na Clínica CENTRO CÉREBRO e no Hospital Privado de Braga Centro. Destaques para formação contínua em Neurologia e Movimento Humano. Intervenção na Saúde da Mulher, Pilates Clínico e Acupuntura para FTs.

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