O efeito térmico dos alimentos, ou termogénese induzida pela dieta, é o processo de produção de energia pelo corpo pela metabolização dos alimentos ingeridos. Esta é associada a duas componentes: uma componente obrigatória associada ao gasto energético em digerir os alimentos e em processar os seus macronutrientes; e a uma componente adaptativa que corresponde ao aumento do gasto energético pós-prandial, pela dissipação da energia consumida em excesso à requirida pelo corpo.
O tecido adiposo tem um papel regulador nesta última componente, principalmente o tecido adiposo castanho. Ao ser inervado pelo sistema nervoso simpático, através da ativação dos recetores TRP (expressos nos neurónios) por compostos dietéticos ligantes agonistas, aumenta a libertação de catecolaminas que induzem a expressão de proteínas membranares mitocondriais, as UCP1, e assim aumenta o efeito termogénico.
A canela é mediaticamente tratada como um termogénico. Um dos compostos dietéticos da canela é o cinamaldeído. Tamura et al 2012 verificou que o cinamaldeído induzia a expressão das UCP1 em roedores, já Shen et al 2010 verificou que extracto aquoso de canela induzia a expressão das UCP1 em ratos diabéticos.
Apesar da suplementação diária com um equivalente a 10g de canela, ter demonstrado alterações na composição corporal em humanos (um aumento de 1,1% de massa muscular e uma diminuição de 0,7% de massa gorda no espaço de 12 semanas), ainda não se pode tirar conclusões de que a canela em pó vá ter estes resultados. E que a perda de massa gorda possa advir de um possível aumento do dispêndio energético diário, pelo aumento do efeito termogénico, por parte da canela. Ainda carecem estudos ciêntíficos que comprovem o seu efeito termogénico em humanos.
Rotular a canela como um alimento com efeito termogénico em humanos, à luz da evidência científica atual, é imprudente.
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Referências Bibliográficas:
CV: Estudante da Licenciatura de Dietética e Nutrição pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa.