O tratamento:
A osteopatia é uma medicina manual, portanto existem duas ferramentas: mão esquerda e mão direita, alem de uma grande dose de raciocínio. E para dissipar desde já quaisquer crenças, a osteopatia não se resume à aplicação de manipulações estruturais no sistema esquelético. O tratamento em osteopatia desportiva visa à restabelecer o equilíbrio geral do atleta, integrando a lesão.
De volta à entorse externa de tornozelo, além do Rice, o tratamento em complementaridade com a fisioterapia (sim, não me canso de o referir porque por experiência, este trabalho conjunto exponencia os resultados !) baseia-se numa primeira fase num trabalho analítico sobre a tíbio-tarsica para diminuição do edema, no talus e cuboïde que funcionam neste quadro traumático como “fusíveis ósseos” para manter a integridade da articulação, na tíbio-fibular superior sendo que a fíbula é um elemento preponderante da estabilidade do membro inferior sendo um dos pontos pivots do sistema esquelético
Numa segunda fase, nesta ideia de integração, cerca de 10 à 15 dias pós-trauma a abordagem terapêutica focaliza-se na cintura pélvica, nomeadamente no ilíaco e na charneira L5-S1, tanto na vertente esquelética como neurológica. Além do equilíbrio pélvico, o sistema diafragmático assim como o ílio-psoas, piramidal, angular da omoplata, D4 ponto pivot da coluna dorsal e a ATM homo lateral, necessitam de ser avaliadas e/ou corrigidas. E quando denomino de “correcção”, refiro-me à devolver mobilidade através de múltiplas técnicas diferenciadas e adaptadas à todos os tipos de tecidos conjuntivos. Contudo, correndo o risco de ser repetitivo, não se trata de uma lista de check-points, trata-se apenas de uma das possíveis abordagens. Para o show-off, poderia referir o equilíbrio da 1° vértebra cervical C1 em relação com o talus.
Mas em que consiste a lesão ou disfunção em osteopatia? Devolver movimento? Como? …
A lesão ou disfunção osteopatica é uma alteração da elasticidade dos diversos parâmetros de movimento. Não existe qualquer deslocamento (linguagem corrente) mas sim uma variação de elasticidade em parâmetros contrários, o que não modifica o posicionamento das peças ósseas em relação, mas suas mobilidades recíprocas. O tratamento concentra-se na devolução destas mobilidades recíprocas que interferem num musculo, ligamento, tendão, junta vertebral, articulação, fascia etc etc. …
Contudo, quantas vezes já ouviram de osteopatia do género : as vértebras ou ossos “fora do sitio” (estaremos à falar de luxações?) , a perna que estava curta e que agora esta da mesma dimensão ou a coluna desalinhada ou outras barbaridades? Bem esqueçam esses termos proibidos, não é linguagem osteopatica, é uma visão restrita da complexidade do corpo humano, não é osteopatia, irritando-me profundamente, passe o desabafo.
O treino invisível, a recuperação:
A evolução do mundo desportivo nos últimos anos levou à um aumento da intensidade, da carga física, da exigência assim como à um calendário mais preenchido. Sendo que no meio disto tudo, a prioridade de um departamento médico consiste em disponibilizar todo o plantel às ordens do “mister” nas melhores condições físicas.
A metodologia de treino evolui, a medicina desportiva monitoriza uma série de dados físicos e biológicos, desde a VO2 max ao cortisol, a nutrição desportiva e suplementação permitiram uma viragem à 180° nos hábitos dos atletas, e em osteopatia?
É dos pontos fortes e têm vindo à concentrar a minha evolução profissional no desporto, longe dos estereótipos da terapia manual e da tradicional massagem.
1° intervenção deste treino invisível : sistema respiratório. Objectivo?
2° propósito do treino invisível : sistema digestivo. Intuito?
3° intervenção do treino invisível : sistema craniano. Propósito?
4° intervenção do treino invisível : tratamento miofascial. Como?
Osteopatia : nova moda ou parceiro imprescindível do mundo desportivo?
A osteopatia não é uma nova tendência, baseia-se nos fundamentos de qualquer profissional de saúde : anatomia, fisiologia, biomecânica. Com o seu raciocínio clínico baseado na individualidade de cada atleta e na sua visão geral, sem protocolos fixos, a avaliação osteopatica é a base para a prevenção e preparação competitiva.
De forma autónoma e independente, mas integrada num departamento médico, a osteopatia dispõe de soluções terapêuticas eficientes e pertinentes à longo prazo, proporcionando um regresso à competição e evitando recidivas com equilíbrio estático e dinâmico.
Mas em verdadeiro cientifico, a verdadeira demonstração seria uma estatística avassaladora do número de osteopatas em equipas de futebol da liga Nos.
Bem, mas isso não abonaria à minha teoria, por vários motivos.
Um deles, a necessidade de credibilidade da classe de osteopatas, não é uma critica mas uma constatação. Outro é a mudança de mentalidades e de paradigmas na medicina desportiva : o osteopata não substitui o fisioterapeuta, existe uma complementaridade fundamental. Terceiro ponto importante, as próprias entidades desportivas: aposta-se no futebol em 23 jogadores e poupa-se no departamento médico sendo que muita das vezes este é o 12° jogador indispensável. Termino com nota positiva, os atletas já escolheram …
Vemo-nos pela Bwizer, fica o desafio!
CV: Osteopatia pela Escola de Osteopatia de Paris