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Publicado a 06/04/2018

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Marco Clemente

À conversa com… Marco Clemente (Bwizer Magazine)

Marco Clemente

Esta entrevista fez parte da 1ª edição da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.

 

Quem é o Marco Clemente?

Falar de nós mesmos nem sempre é uma tarefa fácil, mas darei o meu melhor. Sou cuidador, tranquilo, amigo, racional, homem de família. Tenho sempre muitas ideias. Umas ponho em prática, outras aguardam o momento certo, mas gosto sempre de as partilhar. São também os desafios que me movem. Sou um apaixonado pela vida, pelo que me rodeia e, especialmente, pelas pessoas. O facto de ouvir e de tratar pessoas levou-me a pensar mais sobre a vida. E os meus filhos são os meus diamantes.

 

Como surgiu a Fisioterapia na sua vida?

Ser fisioterapeuta, é algo que está no meu ADN. Lembro-me de fazer massagens ao meu pai, ainda muito pequenino. Gostava de tratar com as mãos, mas não tinha ideia em que profissão se poderia transformar. Um dia fui ter com a psicóloga da escola e partilhei esta minha paixão. Foi quando ouvi falar de fisioterapia.

Entrei na escola que queria, na primeira e única opção. É uma profissão extraordinária para crescer enquanto pessoa. Cuidar, leva-nos a dar muito de nós. Recebemos muito; talvez, mais até do que se dê.

 

Fale-nos um pouco do seu percurso académico e profissional.

A Escola Superior de Saúde do Alcoitão ajudou a tornar-me na pessoa que sou hoje, não só pelo que aprendi, como também pelas pessoas que tive a oportunidade de conhecer, especialmente a minha mulher, também fisioterapeuta. Foram anos inesquecíveis e que definiram o meu trajeto. Quando entrei era um rapaz introvertido, algo que mudou porque surgiam muitas ideias e sentia necessidade de as pôr em prática. Inicialmente, a associação de estudantes e, mais tarde, a Associação Portuguesa de Fisioterapeutas, ajudaram-me nesta concretização. Terminada a licenciatura, e depois de alguns anos a viver e a trabalhar em Lisboa, mudei-me para Alcobaça, onde abri a primeira clínica Physioclem.

Quando e por que razão decidiu apostar na práticaprivada?

Também está no meu ADN. Sou empreendedor. Uma semana depois de ter terminado o curso, já estava a abrir o meu primeiro gabinete, com o meu amigo Nuno. Nunca mais larguei o privado. No entanto, o meu sonho cumpriu-se quando abri a minha clínica. A Physioclem é, assim, um sonho tornado real, que cresceu para Leiria, Caldas da Rainha, Torres Vedras e, por último, Ourém, além da sua primeira “casa” em Alcobaça.

Inicialmente, o objetivo era crescer para diferentes lugares do país, hoje percebo que teria de deixar de ser fisioterapeuta para ser gestor. Apesar de adorar a gestão, esta não é de todo a minha vontade. Quero passar o meu tempo a tratar. Se crescer é no sentido de cuidar de mais pessoas, dando continuidade ao trabalho que desenvolvemos e ter mais pessoas envolvidas no projeto, é isso que quero, não com o objetivo de ter mais lucro. Gostava muito de ter uma equipa de investigação e estamos a trabalhar para isso. O grupo de profissionais que forma a Physioclem é de excelência.

 

Durante algum tempo foi docente Escola Superior de Saúde do Alcoitão e ainda hoje está ligado ao ensino como orientador de estágio – que papel tem esta vertente na sua carreira?

Sempre gostei de partilhar o que fui aprendendo, quer com a formação pós-graduada, quer com a experiência clínica. No entanto, o ensino em sala de aula não é o que mais me alicia. Prefiro partilhar os conhecimentos em contexto clínico, de um para um, razão pelo qual optei por não seguir a carreira da docência.

 

Marco, consegue identificar os 3 fatores críticos do seu sucesso?

Visão: Ter ideias, perspetivá-las e imaginar a sua evolução e implicações. O germinar dos frutos é o meu ponto forte. Dá-me prazer sonhar com as ideias e fazê-las crescer.

Resiliência: Depois de ter a ideia e de a construir mentalmente, é essencial vencer as barreiras que se vão colocando no caminho, encontrando as soluções. Sou persistente na missão de levar por diante o sonho. Tenho a energia suficiente para o arranque dos projetos, porque me dá um enorme prazer vê-los

nascer e crescer.

Otimismo: Por natureza, sou otimista. Acredito sempre que vai correr bem. Se surgirem adversidades, vejo-as como oportunidades de aprendizagem.

 

Quais os seus planos para o futuro? Há algum projeto que tenha deixado pendente e que gostasse de concluir?

O meu caminho passa por ajudar as pessoas, os meus utentes, em todas as suas dimensões, razão pelo qual abdiquei da ideia inicial de ter clínicas espalhadas pelo país. Vejo-me a tratar pessoas aos 80, com o carinho e a sabedoria que a maturidade me trará. O meu projeto é tocar vidas e, com isso, tocar na minha.

Também gosto muito do voluntariado, do apoio à comunidade. Ao longo dos anos, dediquei-me a diferentes causas. Nos últimos 4 anos, tem sido a fisioterapia, com a organização do congresso e desenvolvimento de uma série de ideias. O futuro talvez passe por voltar a dedicar-me à comunidade local, lutando por conseguir contribuir para que os portugueses sejam pessoas mais felizes.

 

Se tivesse de eleger o momento mais marcante da sua carreia até ao momento, qual seria?

O sorriso e o obrigado de cada utente. Aquele abraço espontâneo, por ter feito a grande diferença. Estes “prémios” sobrepõem- se a qualquer reconhecimento profissional ou académico. Estudamos, investigamos, treinamos para conseguir ajudar a solucionar, resolver os problemas daqueles que nos procuram. Por isso, a cada vez que conseguimos contribuir para resolver, minimizar a situação é um prazer enorme.

 

Como vê a Fisioterapia hoje?

Infelizmente, a Fisioterapia ainda não tem a qualidade que gostaria de ver, nem tem a notoriedade que merece. As equipas multidisciplinares muitas vezes não se articulam e o utente sai prejudicado. Temos de crescer no respeito entre os vários profissionais de saúde, reconhecendo o papel de cada um. Todos somos necessários, cada na sua área específica. O Fisioterapeuta dispõe de conhecimento e de um saber fazer que em muito contribui para uma sociedade mais saudável. Com fisioterapeutas mais capazes, a saúde sairá menos onerosa e os benefícios serão significativos. Estudos recentes já o demonstram.

 

Os últimos anos têm trazido mudanças grandes na prática e carreira dos Fisioterapeutas. Na sua opinião, e olhando especialmente para os últimos 10 anos, o que mudou no que diz respeito ao trato com os pacientes, e para onde pensa que caminhará?

A fisioterapia tem vindo a evoluir no sentido de cada vez mais se prestarem os cuidados em pequenas clínicas, um pouco à semelhança do que acontece na Medicina Dentária. Esta evolução responsabiliza mais os fisioterapeutas, obriga a uma maior autonomia e com isso empurra para a necessidade de um grande crescimento no conhecimento. Perante o problema, o fisioterapeuta tem de reconhecer se tem a solução ou se esta passa por reencaminhar o utente para um outro profissional mais adequado. Esta evolução, que continuará, tem contribuído para o aumento da notoriedade dos fisioterapeutas. Gostaria muito que, no futuro, a evolução passasse pela melhoria franca na qualidade dos serviços, através da prestação de cuidados mais eficientes. Isto consegue-se com muita formação e uma prática refletida, baseada na melhor evidência disponível. As escolas de fisioterapia e as empresas de formação têm uma enorme relevância na condução destes profissionais para uma fisioterapia de qualidade.

 

Lançámos recentemente uma nova área no nosso site, apostada em disponibilizar conteúdo relevante, e que se junta a todo o conteúdo que está já disponível na Internet. Pensa que o acesso à informação melhora o nível de competência dos profissionais?

Sem dúvida. O acesso à informação tem feito a grande diferença na evolução do mundo, nestes últimos 20 anos. Atualmente, o acesso ao conhecimento é muito mais democrático. Recordo-me dos meus tempos de escola em que para aceder a um artigo tinha de o ir fotocopiar na biblioteca do hospital x ou y, demorando muito tempo. Hoje, acedo sem sair do meu gabinete e em segundos.

 

Para terminar, o que espera deste X CNF e que mensagem deixa aqueles que vão marcar presença neste evento e o vão ver lá?

O Congresso é um reencontro de velhos, novos e bons amigos. Será, como acontece desde 1986, uma experiência marcante, enriquecedora, que une os fisioterapeutas em torno de objetivos comuns. Estamos juntos no afirmar de uma profissão que construímos, diariamente, com carinho, sempre em prol de quem nos procura. O Congresso Nacional de Fisioterapeutas é o reunir de sonhos, de vontades, de concretizações, de objetivos, de trabalho, de investigação, de saber.

 

 

Esta entrevista fez parte da 1ª edição da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.

CV: Fisioterapeuta e fundador da Pysioclem

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